Pelo menos metade do público esperado para a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) deste ano já chegou à cidade, segundo estimativa da Secretaria de Turismo e Cultura. Os organizadores calculam que, até domingo (8), Paraty receba cerca de 20 mil pessoas, o que significaria dobrar o número da população do município neste período. As informações são da Agência Brasil.
Mesmo sem atingir a meta esperada ainda, já é possível registrar um movimento intenso de visitantes pelas ruas. A coordenadora da Lei de Incentivo à Cultura do Estado do Rio, Tatiana Vieira Assunção Richard, participa pela primeira vez da Flip. Ela já conhecia Paraty, mas, mesmo assim, ficou surpresa com o movimento na cidade. "Chegamos hoje e já adoramos a mesa dos autores. Está me chamando atenção a movimentação da cidade."
É comum se deparar, pelos acessos de paralelepípedos de Paraty, com as mais diversas manifestações culturais. Os artistas não enfrentam limitações de áreas ou até de faixa etária. É o caso de Vitor Garcia Linhares, 12 anos, e da prima Isadora da Luz, 11, que apresentaram uma coreografia de capoeira no Flipinha, espaço voltado para as manifestações culturais infantis.
Vitor disse que, além de mostrar o talento, também aproveita a festa. "Quando começa [a Flip] viemos todos os dias. É muito legal vir aqui para ler livros, brincar e ver os outros se apresentando também".
Além dos artistas locais que encontram um público atento às composições musicais ou pinturas, muita gente aproveita o evento internacional para apresentar o artesanato de várias regiões. Pela primeira vez, Cremilda Brás Bonfim "Meruka"deixou a aldeia dos Pataxós, em Coroa Vermelha, na Bahia, para vender artesanato em Paraty. "Chegamos ontem, mas o fiscal embargou [os produtos], dizendo que a gente não podia vender. Apelamos no Fórum e conseguimos com a juíza a autorização. Trouxemos colar e brincos, todas as coisas indígenas e agora vamos ficar até domingo".
Durante cinco dias, Paraty vive submersa em um verdadeiro clima de cultura. Além da presença de grandes autores e debates com escritores e jornalistas, nos bares e restaurantes é comum ser surpreendido por poetas fantasiados epicamente, proclamando versos de Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade e outros grandes nomes da literatura nacional. Quem se beneficia desse clima, além dos visitantes, é a própria população local. Muitas escolas da cidade, por exemplo, aproveitam o evento para aproximar a literatura e cultura das crianças e jovens.
"Os alunos que vieram hoje são do terceiro ano e precisam decidir uma profissão futura. A gente tenta abrir um leque de opções para eles tentarem se encaixar porque, aos 17 anos é muito difícil descobrir o que quer ser. É uma forma de mostrar que a literatura é muito legal. É um ganho, um conhecimento a mais", afirmou a professora de matemática Maria Fernanda Ferreira da Costa, do Colégio Estadual Engenheiro Mário Moura Brasil do Amaral, de Paraty.
"A Flip é um momento de reciclagem da mentalidade do professor que possibilita a transformação da educação", avaliou a professora Ana Paula Silva, professora da Escola Municipal Samuel Costa.
O secretário de Turismo e Cultura de Paraty, Amaury Barbosa, destacou que "as escolas trabalham durante todo o ano, com os organizadores da festa, falando sobre o autor homenageado. Quando chega a Flip, os alunos já sabem quem é o autor. Sou professor e essa relação com os alunos foi modificada com a Festa Literária. Hoje, eles [os alunos] vão para a biblioteca e se interessam pela literatura."
Fonte: Site do Jornal Diário do Vale
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