segunda-feira, 5 de julho de 2010

Moradores de Angra vão protestar contra demolições

Os moradores atingidos pela tragédia da virada do ano decidiram em uma assembléia realizada ontem (3), que vão promover nessa sexta-feira (9), uma "Caminhada pela Dignidade". O objetivo do movimento é cobrar soluções do governo municipal quanto ao tamanho das unidades habitacionais que serão construídas para as famílias atingidas; a falta de elevadores nos prédios habitacionais; e a necessidade de novas demolições em áreas de risco.
- Nosso objetivo não é brigar, é conversar. Mas já tentamos todas as formas possíveis de diálogo. Só quem perdeu sua casa, sabe realmente o que estamos passando. Fomos obrigados a aceitar o que eles propuseram nos projetos das obras, e não é assim - disse o integrante da Comissão dos Moradores do Morro da Carioca, Bruno Marques.
O tamanho das unidades habitacionais que serão construídas para as famílias atingidas pela tragédia do início do ano ainda causa polêmica entre os moradores de Angra. A Comissão de Moradores do Morro da Carioca, juntamente com a Associação, alega que os números da construção das unidades habitacionais desrespeitam a lei municipal do código de obras. Por isso, o grupo procurou o Ministério Público para apresentar a questão dos números, a falta de elevadores nos prédios habitacionais, entre outros.
- O projeto das casas tem números que não condizem com a lei do nosso município para construções. Sabemos que isso é uma questão mínima se tratando do enorme problema que passamos. Mas não estamos tratando de números, e sim de famílias grandes que possuíam casas confortáveis. Só queremos que seja dada a essas famílias uma casa que eles caibam e se sintam bem - explicou o arquiteto e integrante da Comissão, Fernando Miguel.
Para apresentar a população o resultado da reunião no Ministério Público, os membros da Comissão de Moradores do Morro da Carioca, do Morro Santo Antonio, e dos bairros Monsuaba e Bonfim, realizaram ontem uma assembléia no clube Vera Cruz, no centro. O encontro serviu também para definir quais moradores iriam acionar a justiça para que as demolições de casas em área de risco sejam paralisadas até que todos os projetos estejam prontos.
- No caso da construção do muro de contenção do Morro da Carioca, os técnicos ainda sabem quais casas ainda terão que ser demolidas, pois não sabem até onde o muro vai pegar. Eles vão construindo e derrubando conforme a necessidade, e é isso que não queremos. A interdição está correta, pois os moradores corriam risco, mas precisamos saber se há realmente a necessidade de mais demolições. E para que eles nos escutem, vamos sim fazer movimentos, até paralisar a obra, deitar lá no morro, se for preciso - afirmou o advogado e integrante da comissão, Celso General.
A assembléia serviu também para fundar uma Comissão Provisória dos Moradores Atingidos pela Tragédia, para que somente uma associação represente todos os bairros afetados pelas tragédias causadas pelas fortes chuvas.
- Não foi só o Morro da Carioca ou a Ilha Grande que foram afetados pelos deslizamentos. Moro na Sapinhatuba I e até hoje estou tendo problemas com barrancos. Perdi tudo, toda a minha casa e ainda minha única geração de renda que era meu salão. E mesmo após seis meses da tragédia, continuamos com os problemas. Angra por inteiro ainda continua afetada pelas tragédias, e precisamos de ajuda - disse a moradora Márcia Gonçalves.

Fonte: Site do Jornal Diário do Vale

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