Os moradores atingidos pela tragédia da virada do ano decidiram em uma assembléia realizada ontem (3), que vão promover nessa sexta-feira (9), uma "Caminhada pela Dignidade". O objetivo do movimento é cobrar soluções do governo municipal quanto ao tamanho das unidades habitacionais que serão construídas para as famílias atingidas; a falta de elevadores nos prédios habitacionais; e a necessidade de novas demolições em áreas de risco.
- Nosso objetivo não é brigar, é conversar. Mas já tentamos todas as formas possíveis de diálogo. Só quem perdeu sua casa, sabe realmente o que estamos passando. Fomos obrigados a aceitar o que eles propuseram nos projetos das obras, e não é assim - disse o integrante da Comissão dos Moradores do Morro da Carioca, Bruno Marques.
O tamanho das unidades habitacionais que serão construídas para as famílias atingidas pela tragédia do início do ano ainda causa polêmica entre os moradores de Angra. A Comissão de Moradores do Morro da Carioca, juntamente com a Associação, alega que os números da construção das unidades habitacionais desrespeitam a lei municipal do código de obras. Por isso, o grupo procurou o Ministério Público para apresentar a questão dos números, a falta de elevadores nos prédios habitacionais, entre outros.
- O projeto das casas tem números que não condizem com a lei do nosso município para construções. Sabemos que isso é uma questão mínima se tratando do enorme problema que passamos. Mas não estamos tratando de números, e sim de famílias grandes que possuíam casas confortáveis. Só queremos que seja dada a essas famílias uma casa que eles caibam e se sintam bem - explicou o arquiteto e integrante da Comissão, Fernando Miguel.
Para apresentar a população o resultado da reunião no Ministério Público, os membros da Comissão de Moradores do Morro da Carioca, do Morro Santo Antonio, e dos bairros Monsuaba e Bonfim, realizaram ontem uma assembléia no clube Vera Cruz, no centro. O encontro serviu também para definir quais moradores iriam acionar a justiça para que as demolições de casas em área de risco sejam paralisadas até que todos os projetos estejam prontos.
- No caso da construção do muro de contenção do Morro da Carioca, os técnicos ainda sabem quais casas ainda terão que ser demolidas, pois não sabem até onde o muro vai pegar. Eles vão construindo e derrubando conforme a necessidade, e é isso que não queremos. A interdição está correta, pois os moradores corriam risco, mas precisamos saber se há realmente a necessidade de mais demolições. E para que eles nos escutem, vamos sim fazer movimentos, até paralisar a obra, deitar lá no morro, se for preciso - afirmou o advogado e integrante da comissão, Celso General.
A assembléia serviu também para fundar uma Comissão Provisória dos Moradores Atingidos pela Tragédia, para que somente uma associação represente todos os bairros afetados pelas tragédias causadas pelas fortes chuvas.
- Não foi só o Morro da Carioca ou a Ilha Grande que foram afetados pelos deslizamentos. Moro na Sapinhatuba I e até hoje estou tendo problemas com barrancos. Perdi tudo, toda a minha casa e ainda minha única geração de renda que era meu salão. E mesmo após seis meses da tragédia, continuamos com os problemas. Angra por inteiro ainda continua afetada pelas tragédias, e precisamos de ajuda - disse a moradora Márcia Gonçalves.
Fonte: Site do Jornal Diário do Vale
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